dimanche 16 décembre 2007

"Otaku"

Quinze pras seis da manhã. é aquela hora em que não se pode mais nada pelo sono. Pronto: mais uma noite em claro.
Não me arrependo; pelo menos dessa vez fui produtivo. Li novamente alguns trechos de referência, esclareci duvidas e adiantei um pouco os trabalhos da faculdade. Cansei de tomar cha, esperando o momento em que o sono venceria... mas a consciência ganhou por W. O. Fazer o que?
La fora, tudo quieto. Até na Bastilha tem horas em que todos dormem.
Penso nessa estranha e tardia fase de transição que estou atravessando. A vida "adulta" chega, finalmente. Não sinto mais vontade de jogar RPG, passo meus dias com a cabeça no mestrado, na familia, na vida... de vez em quando rabisco umas linhas. Me pergunto se havera alguma coisa a descobrir nesse status inédito para mim de adulto.
E ja não era sem tempo: 27 anos, quand même... Mesmo assim, sinto falta das noites bem dormidas, dos poemas às duas da manhã, daquela sensação de que tantas coisas ainda estão ocultas. Mas, sobretudo, lamento a perda dos antigos interesses.
Perda? Não sei: talvez tenha me tornado mais seletivo, isso sim. Os mangas, por exemplo: houve uma época em que todos os titulos eram novidades, eu lia o que caia na minha mão. Agora passeio pelas estantes das livrarias, folheio um ou outro e me canso de encontrar a mesma estrutura, sempre aquela historia chata de super-heroi. (odeio super-herois, e se tivesse kriptonita o suficiente faria um par de botas so para chutar o saco do super-homem...). Enfim, divagações aparte, encontrei algo interessante: "O Rapaz do Trem". Primeira mudança drastica em comparação aos demais mangas: temos um cenarista e um desenhista. Normalmente é sempre o mesmo cara que faz tudo. Os desenhos de Daisuke Douke são bons, mas nada de excepcional. Para quem lê esses quadrinhos japoneses, os traços delicados e as expressões comovidas são moeda corrente. O cenario em compensação é uma pérola que nos traz Hitori Nakano. Baseado, segundo ele, em um fato real, eles contam a historia do Rapaz do Trem, um "otaku" (termo que define um solteiro sem esperança, que nunca esteve com uma mulher antes) de 22 anos que se opõe a um bêbado quando este ameaçava uma garota no metrô. Ela agradece e, como é costume na terra do Sol Nascente, pede o endereço dele para mandar um presente de agradecimento. A partir dai tudo se desenvolve.
O gende lance da historia é que o "otaku" faz parte de um forum de discussões onde outros "otakus" choram suas respectivas magoas, e ele começa a contar sua historia ao mesmo tempo que a vive. Todos passam a opinar e aconselhar o cara, que aos poucos vence a barreira da dimidez e descobre o que é sair com uma garota, jeva-la para jantar, etc., etc..
Fora minha fascinação pelo tema da timidez e a exploração a fundo de todo esse universo que é o momento do inamoramento (uso ilegitimo de um termo que descreve uma etapa no protocolo do amor cortês do ocidente medieval, porque afinal de contas no Japão é completamente diferente), achei muito interessante o uso da internet como uma ferramenta que aproxima as pessoas e cria um tipo muito expecial de união, isso numa época em que cada vez mais encontramos um tipo de rancor ligado à informatica.
Enfim, fica aqui uma dica de leitura para quem gosta do gênero...

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